O presidente do CNT (Conselho Nacional de Transição), órgão político dos rebeldes líbios, Mustafa Abdel Jalil, deu nesta terça-feira um ultimato de três dias para que as cidades que seguem leais ao ditador
Muammar Gaddafi se rendam de maneira pacífica à revolução.
Caso os redutos que continuam sob controle de Gaddafi não passem a apoiar os rebeldes até sábado, o Conselho recorrerá à força militar, afirmou ele durante coletiva de imprensa em Benghazi.
Entre as últimas cidades resistentes aos rebeldes, está Sirte, terra natal do ditador, que recebe ataques aéreos da Otan, aliança militar do Ocidente.
Filippo Monteforte/France Presse | ||
Combatente rebelde descansa em cima de tanque militar em estrada entre cidades de Misrata e Sirte |
"Até sábado, se não houver indicações pacíficas para implementação disto, nós decidiremos isso militarmente. Não desejamos fazer isso, mas não podemos esperar mais", disse o chefe dos rebeldes.
Jalil havia pedido à Otan que não abandonasse a campanha militar em prol dos rebeldes, já que, segundo ele, Gaddafi continua sendo uma ameaça.
Em entrevista à rede catarina Al Jazeera, Jalil admitiu que os rebeldes não têm nem ideia do paradeiro de Gaddafi. "Se soubéssemos onde Gaddafi está agora, nossos revolucionários estariam a caminho para capturá-lo. Não temos informação de que Muammar Gaddafi esteja na Líbia ou em qualquer outro lugar."
Os rebeldes já ofereceram US$ 1,7 milhão e anistia para quem capturar Gaddafi, vivo ou morto.
Filippo Monteforte/France Presse | ||
Cartaz colocado na cidade de Misrata anuncia a recompensa oferecida a quem conseguir capturar Gaddafi |
As forças rebeldes seguem os avanços em direção a Sirte e combates também são registrados em Zawara, chave para o controle do principal posto fronteiriço com a Tunísia.
Ao mesmo tempo, o CNT afirmou que iniciou um plano para desarmar a população líbia e colocar todas as milícias abaixo de um único comando em um Conselho Militar de Trípoli, capital.
DIREITOS HUMANOS VIOLADOS
Um grupo defensor de direitos humanos afirmou nesta terça-feira que as tropas líbias leiais a Gaddafi forçaram civis a atuarem como escudos humanos, colocando inclusive crianças em tanques para tentar parar os ataques da aliança ocidental.
Outros crimes de guerra foram detectados, como estupros, desaparecimentos e assassinatos.
A organização Physicians for Human Rights entrevistou moradores da cidade de Misrata de 5 a 12 de junho para constatar tais informações.
"Quatro testemunhas relataram que as tropas detiveram à força 107 civis e os usaram como escudos humanos para proteger munições militares de ataques da Otan", disse relatório.
FAMILIARES DE GADDAFI
O CNT afirmou ontem (29) que a Argélia deveria extraditar os familiares de Muammar Gaddafi e que considera o aceite do governo argelino em acolher os parentes do ditador "um ato de agressão".
"Nós prometemos conceder um julgamento justo a todos aqueles criminosos e portanto consideramos isto um ato de agressão", disse o porta-voz dos rebeldes Mahmoud Shamman.
France Presse | ||
Mulher de Gaddafi, Safia, filhos Hannibal e Mohammed e filha Aisha (da esq. para dir.) estariam na Argélia |
"Consideramos que a Argélia fez isto como um ato de agressão contra os anseios do povo líbio. Nós tomaremos todas as medidas necessárias contra isto e pediremos pela extradição deles", acrescentou.
Mais cedo, o Ministério das Relações Exteriores argelino afirmou que a mulher de Muammar Gaddafi e três filhos do ditador líbio entraram no país nesta segunda-feira.
"A esposa de Muammar Gaddafi, Safia, sua filha Aisha, seus filhos Hanibal e Mohamed, acompanhados dos filhos destes, entraram na Argélia às 8h45 (4h45 de Brasília) pela fronteira com a Líbia", indicou o ministério em um comunicado divulgado pela agência de notícias APS, sem apresentar maiores detalhes sobre o ditador.
O CNT recebeu mal a notícia e aproveitou a oportunidade para lançar um alerta a outros países. "Estamos advertindo a todos que não abriguem Gaddafi e seus filhos. Nós vamos caçá-los em qualquer lugar, achá-los e prendê-los", acrescentou o porta-voz Mahmoud Shamman.
A Argélia é o único país vizinho da Líbia que ainda não reconheceu o CNT como o governo provisório líbio
@acert_ com AS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
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