DE MANAUS
A Justiça do Amazonas inocentou nesta quinta-feira um índio da etnia culina acusado de envolvimento em um suposto caso de canibalismo ocorrido em 2009.
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João Culina e outros seis índios eram acusados de esquartejar e comer os restos de um jovem não índio e respondiam por homicídio duplamente qualificado na Comarca de Envira (a 1.200 km a oeste de Manaus).
O julgamento aconteceu na sede da Câmara Municipal de Envira. Por mais de cinco horas, cerca de 60 pessoas, incluindo 20 índios, participaram da audiência.
Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura, na sentença o juiz Rafael da Rocha Lima afirmou que João Culina era inocente por falta de provas.
O crime aconteceu em fevereiro de 2009 na aldeia Cacau, distante 7 km do centro de Envira, que fica na divisa com o Estado do Acre.
A Polícia Civil diz que o corpo do deficiente físico Océlio Alves de Carvalho, 21, foi encontrado em partes, marcado por golpes de facão. Partes do corpo, como fígado, coração e coxa, não foram encontrados por peritos.
Dos sete índios acusados, dois foram presos: João e Messias Culina. Os outros cinco, incluindo uma mulher, são considerados foragidos da Justiça. Messias continua preso na delegacia da cidade.
Apesar de solicitação da Funai (Fundação Nacional do Índio), a Polícia Federal não investigou o crime sob argumento de que não foi praticado pela tribo como um todo. O crime foi considerado um homicídio isolado.
A reportagem procurou a Funai do Amazonas para falar sobre o julgamento e a situação do índio que está preso, mas não obteve resposta.
Procurada pela Folha, a família de Océlio Carvalho disse que não tinha recursos para recorrer da decisão da Justiça. "Não sei como ele foi absolvido, não entendo a Justiça. Se fosse eu que tivesse cometido um ato desse com um indígena, eu estava preso pela Polícia Federal", disse Francisco Eudo Alves de Aguiar, 40, tio do jovem.
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