Moradores do Complexo do Alemão denunciaram que o Exército decretou toque de recolher na Rua Dois, na noite passada e na madrugada desta terça-feira. Segundo informações da rádio CBN, os militares da Força de Pacificação teriam entrado novamente em confronto com moradores da comunidade, no mesmo local onde ocorreu um tumulto no domingo à noite.
As luzes na Rua Dois, ao lado da Estação do Teleférico Itararé, foram desligadas pelos militares, ainda de acordo com as denúncias.
Ontem à noite, moradores atearam fogo em pedaços de madeira na Avenida Itaoca, próximo à comunidade Nova Brasília, também no Complexo do Alemão. Ônibus foram obrigados a desviar a rota por outras estradas.
Nesta segunda-feira, o Ministério Público Federal (MPF) instaurou inquérito civil para investigar a atuação dos militares envolvidos no tumulto com moradores no Complexo do Alemão no domingo. As procuradores da República Gisele Porto e Aline Caixeta estiveram na comunidade para ouvir os responsáveis pela Força de Pacificação sobre o incidente. O general Cesar Leme Justo e o coronel Nilson Nunes Maciel apresentaram às procuradoras o relatório que foi encaminhado ao Comando Militar do Leste, que relata com mais detalhes o ocorrido.
As procuradoras irão ouvir também a vítima que deu entrada do Hospital Getúlio Vargas e outras que forem identificadas. O inquérito será vinculado a um anterior, que investiga o incidente ocorrido no dia 24 de julho na Vila Cruzeiro, no qual um morador foi atingido no olho por uma bala de borracha e foi ouvido na Procuradoria da República na quarta-feira passada (31). Cabe ao Ministério Público Militar oferecer denúncia na esfera criminal e ao Ministério Público Federal entrar com uma ação de improbidade, caso seja comprovado algum abuso.
Desde o início da ocupação do Complexo do Alemão e da Vila Cruzeiro, o MPF acompanha o atuação da Força de Pacificação através de um grupo de trabalho formado pelas procuradoras Gisele Porto e Aline Caixeta. Além de investigar quaisquer excessos cometidos pelas tropas, o MPF cobra uma atuação preventiva do Exército na relação com os moradores e a implementação de políticas públicas nas comunidades.
A partir de questionamentos da sociedade, o MPF promoverá também um debate sobre a constitucionalidade da atuação do Exército na segurança pública. Uma audiência para discutir o tema acontecerá na sede da Procuradoria da República no Rio, no dia 06 de outubro, com a presença de juristas, representantes do Comando Militar do Leste e da sociedade civil, sendo livre a participação da população.
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